Em etnologia, o termo Tucano (também usa-se “Tukano”), além de designar os grupos indígenas cujas línguas pertencem à família linguística tucano, remete ainda a uma etnia indígena específica que habita o Noroeste do estado brasileiro do Amazonas, mais precisamente as Terras Indígenas Alto Rio Negro, Médio Rio Negro I, Médio Rio Negro II e Balaio, bem como a Colômbia.
Os nomes dos diversos povos tucanos foram dados por outros povos, indígenas ou não, sendo usados somente em determinados contextos. Os povos Tucano dividem-se em dois ramos linguísticos: o Tucano Oriental e o Ocidental. Os povos falantes do ramo oriental habitam desde Colômbia até o Brasil, enquanto os povos do ramo ocidental habitam o Peru, a Bolívia e o Equador na região do rio Napo, a exemplo dos Siona e Secoya
Existem pelo menos dezesseis diferentes línguas classificadas como Tukano Oriental todas elas faladas por povos que habitam o noroeste do estado brasileiro do Amazonas e o departamento colombiano do Vaupés. No Brasil, os tukano habitam toda a bacia do rio Uapés e o trecho do rio Negro entre a foz daquele rio e as imediações da cidade de Santa Isabel, incluindo ai a cidade de São Gabriel.
Entre os grupos do ramo Tucano Oriental, a identidade do povo fundamenta-se na língua. Em sua cultura, o casamento é sempre realizado com uma mulher de outro povo, e, portanto, de língua diferente, num sistema de casamento baseado em normas de exogamia linguística. Graças a isso, os grupos Tucano estão numa situação de multilinguismo que não tem paralelo em nenhum outro lugar do mundo, pois cada indivíduo fala no mínimo três línguas, e é comum que fale cinco ou mais.
Após o casamento, a mulher deve ir viver com o povo de seu marido no qual passa a fazer parte deste. Por isso a identidade étnica do indivíduo é definida pela língua do povo paterno. Além disso, este aprende sempre desde a infância a língua do povo original de sua mãe, a língua tucano. Considerada língua franca entre os povos tucanos da sub-região do Uaupés, onde também se aprende o português. O nheengatu é também falado pelos habitantes dos arredores de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel e nas comunidades do Alto Rio Negro até a fronteira com a Venezuela. Além disso, muitos costumam aprender também línguas das famílias Aruák e Maku, presentes na região, e o espanhol, pela proximidade com a Colômbia.